A cor pode distrair, segundo o fotógrafo Paulo Vitale, que optou pelo preto e branco em seu livro Feito no Brasil (Editora Ípsis). O livro reúne retratos de personagens que representam a sociedade brasileira, na cultura, literatura, empreendedorismo social, gastronomia, esporte e arquitetura, entre outros campos. O autor conversou sobre o livro no programa Um olhar sobre o mundo, da TV Brasil.
Entre os retratos do livro, estão o escritor Raduan Nassar, o arquiteto Ruy Ohtake, a cirurgiã Angelita Habr-Gama e o diretor José Celso Martinez Corrêa. A obra traz ainda textos, de autoria de Tânia Nogueira, sobre os retratados, como este sobre o artista Eduardo Kobra:
Nascido no Jardim Martinica, na periferia de São Paulo, o então adolescente Eduardo Kobra começou a pichar
muros por puro vandalismo, como ele mesmo conta. Só assinava: Kobra. Gostava da adrenalina, de quebrar
regras, fugir da polícia. Com o tempo, pegou o gosto pelas formas e passou a fazer grafites. A rebeldia, porém, permanecia.
Foi detido três vezes e colecionou advertências por usar muros e paredes da escola como suporte para sua
arte. Mas logo estava pintando cartazes e painéis para o maior parque de diversões da cidade. Hoje, Kobra é um dos
mais conhecidos artistas de rua do Brasil, e seus murais estão espalhados pelo mundo todo, de Nova York a Tóquio.
O sucesso veio em meados dos anos 2000, com o projeto Muros da Memória, no qual o artista retratava
cenas antigas de São Paulo. No início, tinham tom sépia, mas foram ganhando um colorido que se sobrepunha.
Os retratos de celebridades cobertos por um jogo de cores invadiram as metrópoles. Todos os seus murais,
segundo ele, são pensados para valorizar a cidade que os cerca. “Quando pinto uma obra, sei que
ali transitam todos os tipos de pessoas ligadas a diferentes religiões, a diversas culturas, crianças.
Não dá para fazer qualquer coisa da cidade como se fosse para mim. A cidade não é minha”, diz.